Unção dos enfermos!
Papa Francisco continua sua catequese sobre os sacramentos.
Na catequese desta quarta-feira, 26, na Praça São Pedro, o Santo padre refletiu
sobre a Unção dos Enfermos. Apresentamos a catequese na íntegra.
Queridos irmãos e irmãs, bom dia
Hoje gostaria de falar a vocês do Sacramento da Unção dos
Enfermos, que nos permite tocar com a mão a compaixão de Deus pelo homem. No
passado, era chamado “Extrema unção”, porque era entendido como conforto
espiritual na iminência da morte. Falar, em vez disso, de “Unção dos enfermos”
ajuda-nos a alargar o olhar à experiência da doença e do sofrimento, no
horizonte da misericórdia de Deus.
1. Há um ícone bíblico que exprime em toda a sua
profundidade o mistério que transparece na Unção dos enfermos: é a parábola do
“bom samaritano”, no Evangelho de Lucas (10, 30-35). Toda vez que celebramos
tal sacramento, o Senhor Jesus, na pessoa do sacerdote, faz-se próximo a quem
sofre e está gravemente doente, ou idoso. Diz a parábola que o bom samaritano
cuida do homem sofredor derramando sobre suas feridas óleo e vinho. O óleo nos
faz pensar naquele que é abençoado pelo bispo todos os anos, na Missa do Crisma
da Quinta-Feira Santa, propriamente em vista da Unção dos enfermos. O vinho, em
vez disso, é sinal do amor e da graça de Cristo que surge da doação de sua vida
por nós e se exprimem em toda a sua riqueza na vida sacramental da Igreja.
Enfim, a pessoa que sofre é confiada a um hospedeiro, a fim de que possa
continuar a cuidar dele, sem poupar despesas. Ora, quem é este hospedeiro? É a
Igreja, a comunidade cristã, somos nós, aos quais, todos os dias, o Senhor
Jesus confia aqueles que estão aflitos, no corpo e no espírito, para que
possamos continuar a derramar sobre eles, sem medida, toda a Sua misericórdia e
a Sua salvação.
2. Este mandado é confirmado de modo explícito e preciso na
Carta de Tiago, onde recomenda: “Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da
Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A
oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Se ele cometeu
pecados, ser-lhes-ão perdoados” (5, 14-15). Trata-se então de uma prática que
já estava em vigor no tempo dos apóstolos. Jesus, de fato, ensinou aos seus
discípulos a ter a sua mesma predileção pelos doentes e pelos que sofrem e
transmitiu a eles a capacidade e a tarefa de continuar difundindo em seu nome e
segundo o seu coração alívio e paz, através da graça especial de tal
sacramento. Isso, porém, não nos deve levar a uma busca obsessiva pelo milagre
ou na presunção de poder obter sempre e seja como for a cura. Mas é a segurança
da proximidade de Jesus ao doente e também ao idoso, porque todo idoso, toda
pessoa com mais de 65 anos, pode receber este Sacramento, mediante o qual é o
próprio Jesus que se aproxima.
3. Mas quando há um doente às vezes se pensa: “chamemos o
sacerdote para que venha”; “Não, pois traz má sorte, não o chamemos”, ou
“depois assusta o doente”. Por que se pensa isso? Porque há um pouco a ideia de
que depois do sacerdote chegam os ritos funerais. E isto não é verdade. O
sacerdote vem para ajudar o doente ou o idoso; por isto é tão importante a
visita dos sacerdotes aos doentes. É preciso chamar o sacerdote junto ao doente
e dizer: “venha, dê-lhe a unção, abençoe-o”. É o próprio Jesus que chega para
aliviar o doente, para dar-lhe força, para dar-lhe esperança, para ajudá-lo;
também para perdoar-lhe os pecados. E isto é belíssimo! E não é preciso pensar
que isto seja um tabu, porque é sempre bonito saber que no momento da dor e da
doença nós não estamos sozinhos: o sacerdote e aqueles que estão presentes
durante a Unção dos enfermos representam de fato toda a comunidade cristã que,
como um único corpo, se reúne em torno de quem sofre e dos familiares,
alimentando nesse a fé e a esperança, e apoiando-lhe com a oração e o calor
fraterno. Mas o conforto maior vem do fato de que ao tornar-se presente no
Sacramento é o próprio Jesus que nos toma pela mão, acaricia-nos como fazia com
os doentes e nos recorda que lhe pertencemos e que nada – nem o mal e a morte –
poderá nos separar Dele. Temos este hábito de chamar o sacerdote para que venha
aos nossos doentes – não digo doentes de gripe, de três, quatro dias, mas
quando é uma doença séria – e também aos nossos idosos e dê a eles este
Sacramento, este conforto, esta força de Jesus para seguir adiante? Façamos
isso!
(Trad.: Canção Nova)
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